sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Edição nº9



Ainda mal recuperados dos 53% de abstenção das mais recentes eleições regionais e já os partidos (e certamente também o povo) açorianos se andam a preocupar com a abundância de eleições que 2009 nos trará: autárquicas, legislativas e europeias.

Pessoalmente preocupa-me que novamente fiquem em casa mais de metade dos eleitores destas invictas ilhas, qual a representatividade real de políticos eleitos por metade dos votos? Se já metade dos eleitores optou por não votar e metade dos que votaram optaram por votar em partidos da oposição, na prática três quartos dos eleitores (a maioria, portanto) não votaram nos políticos que, bem ou mal, a todos nós representam e sobre o nosso dia a dia decidem.

Pode indicar-se que é falta de prática democrática, afinal Portugal passou de monarquia para uma ditadura republicana, desta para uma ditadura militar seguindo-se o Estado Novo e por fim, só por fim, o actual regime considerado democrático – embora com algumas falhas. Pode ser que nos esteja nos genes, por habituação, o costume de deixar que outros decidam por nós, o hábito de confiar que quem está lá em cima, no poder, zele pelos nossos melhores interesses e possamos viver o dia a dia sem grandes preocupações a nível político.

Se o panorama açoriano, no que diz respeito ao eleitorado, deixou a desejar a verdade é que em matéria de partidos (e recordo que temos inclusive um partido cuja sede nacional é nos Açores: o Partido Democrático Açoriano) estamos bem representados, praticamente todos os partidos nacionais têm delegações regionais, salvo talvez os PNR, POUS e PH. A pluralidade saiu reforçada das eleições regionais com o regresso do PCP e as estreias do PPM e do BE na Assembleia Regional demonstrando que o trabalho contínuo e persistente acaba por dar frutos, algo que talvez o PDA e o MPT pudessem aplicar uma vez que o eleitor comum se depara com estes partidos apenas nos períodos eleitorais…

A blogosfera, creio eu, também ocupou uma posição determinante já que, curiosamente, os diversos candidatos optaram por manter blogues mais ou menos activos durante o período eleitoral, alguns já anteriormente activos e outros dedicados exclusivamente às eleições.

Se bem que há algo que me conforta na política açoriana: a capacidade de diálogo. Recordo, da minha juventude mas também reconfirmado em conversa que ouvi do Dr. Victor Hugo Forjaz, o facto de políticos e partidários de todos os quadrantes da política açoriana – dos extremos ao centro – terem a capacidade de se sentar à mesa e discutirem sem a animosidade e ataques pessoais que por vezes testemunhamos na arena política continental.

A ver vamos se os faialenses optam por fazer valer o seu direito ao voto em 2009, e contra mim falo já que durante anos fui também desse partido da abstenção.



Flávio Gonçalves


Colaboradores:

Ilustração: Tomás Silva
Crónica: Flávio Gonçalves
Chegadas: Aurora Ribeiro
Artes Plásticas: Ana Correia
Ciência: João Gama Monteiro
Ambiente: Márcia Dutra Pinto e Dina Dowling


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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Tertúlia Cultural


No próximo Sábado, dia 24, o Fazendo organizará uma tertúlia cultural. Esta tertúlia terá como objectivo principal a angariação de fundos, fundos estes que viabilizarão a continuidade desde projecto. Para além disto, este evento visa incitar o crescimento do espiríto comunitário subjacente ao funcionamento deste jornal, como também, pretende que da interacção entre os vários colaboradores, leitores e interessados resultem discussões construtivas acerca do estado da arte, da ciência, da política e tudo o mais daquilo que decorre na nossa terra.
Este evento terá início pela tarde deste mesmo dia com a exposição colectiva de diferentes trabalhos de vários artistas locais, maioritariamente daqueles que colaboraram no Fazendo até então. Alguns destes trabalhos poderão ser adquíridos em leilão por qualquer pessoa interessada - o lucro destes obtido será uma contribuição para este projecto. Pelas 22h00 dar-se-á início a uma pequena sessão de poesia seguido de um concerto em formato “Jam Session” em que todos os músicos são convidados a participar. O evento contará ainda com uma instalação de vídeo.
Pretendemos com esta tertúlia promover o valor deste jornal na nossa pequena cidade e estimular a participação de todos na sua construção e desenvolvimento. Esperamos vê-los a todos no espaço CASA pois sem leitores um jornal não tem propósito.
Assim, mais uma vez, fazendo.

*O consumo de qualquer produto disponível no bar deste local é já uma pequena contribuição para este projecto.

A Direcção


Alguns dos participantes confirmados:

.Ana Correia
.Anabela Morais
.Aurora Ribeiro
.Eugénio Viana
.Helena Krug
.Ken Donald
.Maria do Céu Brito
.Mark Faria
.Orlanda André
.Pedro Gaspar
.Pedro Lucas
.Pedro Solà
.Rui Branco
.Tomás Silva
.Zeca Sousa

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Edição nº8




Subitamente, estávamos nós a regressar calmamente de merecidas férias de Verão e eis que o Mundo todo se sobressalta e desaba sobre as nossas ingénuas e inocentes cabeças.

O poderoso sistema financeiro, boi sagrado da nossa civilização, adorado nas mais luxuosas catedrais do dinheiro, entra em colapso, arrastando em cascata milhares de empresas, provocando desemprego por todo o lado e originando uma crise devastadora cujos contornos e efeitos ainda não se conhecem na totalidade e que, certamente, levará anos a superar.

De então para cá não se fala de outra coisa com os jornais, rádios e televisões a desdobrarem-se diariamente em terríveis noticias como se o Mundo fosse acabar. Todos os dias surgem novas falências, mais dificuldades sempre para os mesmos, mais desemprego, caem as metas e os pactos de estabilidade que, com sacrifício, nos obrigavam a cumprir e os Países entram em recessão.

Os paladinos do neo-liberalismo interrogam-se e “deitam as culpas” às entidades reguladoras do sistema que teriam negligenciado a sua acção.
Os economistas de serviço, apanhados de surpresa tal como nós, afirmam agora que já estavam à espera desta desgraça e multiplicam-se em explicações que não convencem ninguém.

É um verdadeiro pandemónio!

Nos EUA, dezenas de bancos entram em falência a começar pelo Lehman Brothers, o quarto maior do ranking, que perde 7 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2008. O mesmo acontece com as seguradoras de referência, sendo necessário, em alguns casos a intervenção do Estado para evitar falências em cadeia. Quem poderia imaginar “ nacionalizações” na terra do Tio Sam!

Alan Greenspan, o insuspeito ex-director da Reserva Federal Americana, surge então a dizer que se tinha enganado todos estes anos e que afinal o mercado era incapaz de se auto-regular. Por onde andará a “mão invisível” de Adam Smith? Terá sido amputada?

O “respeitável” Bernard Madoff, ex-presidente da NASDAQ, é detido em 11 de Dezembro, acusado de uma gigantesca fraude que atinge 50 mil milhões de dólares, envolvendo bancos, investidores particulares, universidades e até instituições de caridade, um pouco por todo o planeta.

O mercado bolsista cai a pique em Nova York, em Tóquio, em Londres, em Paris e por aí fora.

Portugal não escapa e depois do que vinha a ser investigado relativamente ao BCP e do que se andava a dizer sobre a “Operação Furacão”, eis que o Estado deita a mão ao BPN e detém o impoluto cidadão José Oliveira e Costa, gestor do banco e antigo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, acusado de abuso de confiança e fraude fiscal. Sim, o mesmo que tratava dos nossos impostos!

Depois é o BPP a ser socorrido e milhões de euros disponibilizados pelo estado aos bancos, para salvar o sistema.
Gente séria, esses gestores, com belas vidas, chorudos salários, bónus, prémios de gestão e toda a sorte de prebendas.

Afinal, acreditar em quem?
Afinal onde guardar, com segurança, o nosso dinheirinho, produto a maior parte das vezes, de anos e anos de poupança?

Por mim e por via das dúvidas, vou guardar o pouco que tenho debaixo do colchão, como se fazia antigamente!




Fernando Menezes


Colaboradores:

Ilustração: Fábio Ribeiro
Crónica: Fernando Menezes
Gatafunhos: Tomás Silva
Chegadas: Aurora Ribeiro
Cinema: Fausto André
Teatro: Filipe Porteiro
Artes Plásticas: Ana Correia
Ciência: Pedro Afonso


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